Segundo a pesquisa Causa Mortis (Sebrae), 42% dos empresários que fecham as portas não calculam o nível de vendas para cobrir seus custos. Ou seja, não encontram o Ponto de Equilíbrio (não há lucro, mas também não há prejuízo). A partir desse ponto, a cada unidade vendida e a cada centavo que entrar, será lucro no caixa da empresa. Sendo assim, neste artigo, vamos mostrar como calcular o Ponto de Equilíbrio e seus diferentes conceitos.
A importância de calcular o Ponto de Equilíbrio
O cálculo deste indicador é fundamental para preservar a saúde do negócio e no planejamento financeiro, desde cobrir todos os custos e não gerar dívidas, até auxiliar o gestor em uma tomada de decisão mais assertiva. O Ponto de Equilíbrio também é denominado Ponto de Ruptura ou Break even point.
Além disso, ele também representa o nível de risco da empresa, pois quanto menor for o indicador, menos arriscado é o negócio. Isto é, uma possibilidade de mais competitividade no mercado e, consequentemente, maior rentabilidade.
Ponto de Equilíbrio Contábil, Financeiro e Econômico
Sugerimos que todo gestor saiba avaliar a situação atual da empresa por diferentes cálculos, entre eles, Contábil, Financeiro e Econômico. O Contábil é estabelecido em lei, o Financeiro é baseado no Fluxo de Caixa da empresa e o Econômico é o que utiliza o regime de competência. Entenda um pouco mais sobre cada um deles abaixo:
Ponto de Equilíbrio Contábil
Esse é o cálculo mais simples e mais usado. É o ponto em que o total da margem de contribuição se iguala ao total dos custos e despesas fixas. Além disso, é o ponto de volume de unidades e/ou receita para que a empresa apresente um resultado nulo, isto é, não tem lucro nem prejuízo. Assim, o Ponto de Equilíbrio Contábil calcula os parâmetros que demonstram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não obter prejuízo, mesmo ao custo de um lucro zero.
Dessa forma, pode ser calculado em quantidades (PECq) ou em valor (PECv), sendo os mesmos determinados pelas seguintes fórmulas:
Em quantidades,
Lembrando que a Margem de Contribuição Unitária é a diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e despesas variáveis, ou seja, é o valor que sobra do preço de venda após a dedução dos custos e despesas variáveis.
Em valor,
Já o percentual da Margem de Contribuição presente na fórmula, é calculado pela divisão entre a soma total dos valores das margens de contribuição de todos os produtos pela Receita Total do mesmo período.
Ponto de Equilíbrio Financeiro
É parecido com o cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil, entretanto, a única diferença é que não são incluídos os custos e despesas fixas que não são pagos (exemplo: depreciação dos ativos). Por outro lado, são considerados os desembolsos que não representam custos, mas que geram saída de caixa (exemplo: amortização de empréstimos).
Por isso, a fórmula do Ponto de Equilíbrio Financeiro em valor é a seguinte:
Ponto de Equilíbrio Econômico
Já o Ponto de Equilíbrio Econômico não só cobre todos os custos e despesas fixas, mas também há o acréscimo de um valor de oportunidade, ou seja, um lucro mínimo que o empresário deseja atingir.
Esse valor de oportunidade é denominado como Custo de Oportunidade, que corresponde ao valor de um determinado recurso em seu melhor uso alternativo. Ele representa um custo da escolha de uma alternativa comparada com outra capaz de proporcionar um melhor benefício. Por exemplo, investir o capital em estoque e compará-lo com um investimento de alguma outra oportunidade, isto significa, que existe um Custo de Oportunidade.
Para realizar o cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico (em valor), é preciso somar os custos e despesas fixas com esse custo de oportunidade de lucro, e depois, dividi-los pelo percentual da margem de contribuição.
Faça o cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico seguindo a fórmula:
Elementos fundamentais ao calcular
Entre todas as fórmulas apresentadas, o gestor deve estar atento a alguns pontos de atenção em comum:
Custos e Despesas Fixas
É necessário considerar todos os gastos para manter sua empresa aberta:
- Aluguel do empreendimento e IPTU
- Contas de água e energia
- Salário dos funcionários
- Serviços terceirizados
- Materiais de escritório
- Depreciação
- Manutenção de prédios e veículos
- Entre outros (específicos de acordo com o segmento)
Custos e Despesas Variáveis
Custos Variáveis, como:
- Matéria-prima
- Embalagens
- Etiquetas
Despesas Variáveis, como:
- Impostos sobre vendas
- Comissões de vendas
- Taxas de cartões
- Fretes
Margem de Contribuição
É um dos elementos mais importantes para o cálculo do Ponto de Equilíbrio. A Margem de Contribuição é o resultado da diferença entre o preço de venda de um produto e os custos e despesas variáveis relacionados com sua comercialização. Ou seja, essa é a margem que garante cobrir o total dos custos e despesas fixas, podendo ser definida como unitária (por produto) ou total da empresa.
Exemplo prático de calcular o Ponto de Equilíbrio Contábil
Para um melhor entendimento, vamos considerar que uma empresa possui a seguinte composição do Demonstrativo de Resultados de um determinado mês:
Portanto,
No exemplo, é possível notar que o Ponto de Equilíbrio Contábil (Valor) ocorre quando a Receita Total atinge o valor de R$ 50.000,00 e o Ponto de Equilíbrio Contábil (Quant.) ocorre quando o volume vendido corresponder a 416,7, ou seja, 417 unidades. Ainda assim, existem empresas que não conseguem encontrar o Ponto de Equilíbrio em quantidades, isso acontece devido a característica do segmento, como distribuidoras e varejos que possuem várias categorias de produtos.
Ponto de Equilíbrio para multiprodutos
Até aqui, todos os conceitos apresentados sobre o Ponto de Equilíbrio consideraram a existência de apenas um único produto. Essa situação é muito válida para empresas de segmentos específicos. Por exemplo: indústria química (litros), indústria de ração (toneladas), agricultura (sacas ou toneladas), etc. No entanto, a maior parte das empresas trabalham com vários produtos, tornando sua aplicabilidade baixa.
Multiprodutos: a existência de diversos produtos dificulta o cálculo do Ponto de Equilíbrio, uma vez que os custos e despesas variáveis são diferentes para cada produto, impossibilitando o cálculo de um Ponto de Equilíbrio Total. Assim, somente seria possível calcular o Ponto de Equilíbrio (Quant.) se todos os produtos possuíssem a mesma Margem de Contribuição em valor. Já o Ponto de Equilíbrio (Valor), se todos possuíssem a mesma Margem de Contribuição em percentual.
Como isso é quase impossível, a alternativa é usar a média dos percentuais das Margens de Contribuição dos produtos para o cálculo do Ponto de Equilíbrio (Valor). Porém, sempre com uma limitação gerada pela variação da participação de cada produto no cálculo da Margem de Contribuição média. Em um próximo artigo sobre Ponto de Equilíbrio, vamos enfatizar a forma de calcular sua variação causada por mudanças nos componentes do conceito.
É válido reforçar que através do cálculo do Ponto de Equilíbrio é possível analisar e preservar a saúde do negócio, inclusive também, utilizar esse indicador para contribuir nas estratégias da empresa, auxiliando o gestor nas tomadas de decisões, tais como:
Qual o faturamento mínimo necessário para que a empresa comece a gerar Lucro?
O que acontecerá com o Lucro se o preço de venda aumentar ou diminuir?
O que acontecerá com o Ponto de Equilíbrio se um determinado custo aumentar, ou não for repassado aos preços de venda?
Por isso, uma vez que é calculado o Ponto de Equilíbrio e junto com uma gestão financeira eficiente, há grandes chances de encontrar soluções de como cobrir todos seus gastos sem restar nenhum prejuízo, continuar faturando e, então, começar a lucrar!